quarta-feira, 11 de março de 2015

Genialidade e estupidez em Pirenópolis


Genialidade e estupidez em Pirenópolis
Considerada como a joia do Cerrado, a bucólica cidade de Pirenópolis é de uma beleza que embriaga os turistas. Não é por mero acaso que a histórica cidade, que recebe o beijo da natureza no abraço de serras, cachoeiras a casarões seculares, atrai mestres da Medicina complementar. Alguns deles são dedicados cientistas cujo acervo cultural dignifica o Brasil. Uma dessas raridades é o conhecido farmacêutico Dr. Wellington Lee Schetinger.
Além de ser um dos mais conceituados especialistas da América Latina em chás medicinais extraídos de plantas do Cerrado, sua modesta clínica é um alívio aos que sofrem de dores crônicas incuráveis e enfermidades com difícil ou impossível tratamento na medicina tradicional. Seu domínio em técnicas orientais como acupuntura, massagens Tui Na e outras habilidades, causa admiração até mesmo entre os mestres chineses.
Entre proezas que já se tornaram famosas no município – ele recebe pacientes de todos os países do mundo – ele cultivou na cidade, durante três anos, o mais completo jardim fitoterápico que já se teve notícia, plantando cuidadosamente, em forma de um mandala, plantas nativas capazes de curar.
Infelizmente o projeto foi abandonado vítima da ignorância da classe política. O atual prefeito não achou interessante a iniciativa do antecessor, mesmo tendo usufruído dos benefícios do generoso dr. Lee. Recentemente prometeu reavaliar. Quem sabe um sopro de inteligência faça retornar tão inédita cultura.
Infelizmente o dedicado Lee Schetinger, assim como todas as pousadas, restaurantes e cidadãos, é obrigado a conviver com lado estúpido e atrasado de Pirenópolis: a poluição sonora, via carros de som que urram nas estreitas vias públicas. Ignorando que se trata de um local turístico para descanso e lazer, as tais boates ambulantes gritam informações na maior inferneira.
A não ser para os uns poucos ignorantes – e aos minguados com interesse no faturamento – ninguém suporta a tal zorra. Alguns vereadores mais instruídos até que já tentaram impedir a aberração. Recuaram frente à turma do mal que infelizmente continua predominando em todas as cidades. Esquecem eles que uma proibição seria uma vitória da comunidade.
Que estilo de gente ordinária imagina que turistas, pessoas idosas e crianças, se deleitam com a invasão de urros, anunciando festas, cortejos fúnebres ou venda de salgadinhos. Toda essa zorra é realizada a qualquer hora e, principalmente, nos fins de semana. Ninguém merece. Está certa a filosofia de Nietzsche: Deus errou em limitar a inteligência esquecendo-se de restringir a burrice. Em todo caso, ainda existem os tampões de ouvido e a certeza de que, entre erros e acertos, Pirenópolis é o máximo.
Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

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