O estudo das plantas medicinais do cerrado brasileiro, no contexto atual de desenvolvimento da tecnologia e do crescimento da consciência ecológica, é um passo necessário na busca da independência social e no resgate da tradição secular, da verdadeira medicina popular do Brasil.
As plantas medicinais possuem composições múltiplas de princípios ativos variados, que agregam potencial medicamentoso, este efeito sinérgico permite que doenças possam ser curadas suprimindo as causas e aliviando sintomas. O grande benefício da plantas medicinais é o efeito sobre a vitalidade, estimulando o sistema imunológico, nutrindo o sangue com minerais e vitaminas, depurando o sangue, regenerando tecidos, atuando como antiinflamatório, anti-séptico, bacteriano, antioxidante (Adaptado de Acharan 1979 pág 201).
A consciência ecológica de preservação da natureza esta evoluindo de forma gradativa, mas não consegue acompanhar o ritmo de degradação imposto pelo desenvolvimento. A floresta amazônica está sendo derrubada a olhos vistos, a mata atlântica está nas últimas reservas e o cerrado brasileiro chamado berço das águas, está sendo lentamente englobado pelo desenvolvimento. As pastagens são implantadas com o capim braquiaria que degrada o solo, compete com as plantas nativas favorece a erosão das águas, o desmatamento das nascentes e matas ciliares contribui enormemente para a diminuição visível do leito dos rios e córregos. A agricultura de monocultura com soja, tomate, eucaliptos, cana e outros degradam ecossistemas, extinguem plantas, e reduzem a biodiversidade (Adaptado de Siqueira 1988 pág 6).
O cerrado não é somente berço das águas, mas uma grande farmácia de plantas medicinais (Brüning, 1990 pág 88), o cerrado é composto de jardins de ervas, flores e árvores, jardins centenários com plantas milenares e um equilíbrio perfeito criado pela evolução dos ecossistemas. As veredas, as matas de galeria, as encostas de serras, os paredões, os campos, são ambientes que guardam a história da natureza, os segredos que precisamos aprender, as plantas retorcidas, agredidas pelo fogo, vento, sol, chuva, plantas riquíssimas em compostos fitoativos, alcalóides, taninos, flavonóides, óleos essências etc.
Este é o cerrado do Brasil e da América do Sul que possui um potencial medicamentoso, alimentar, hídrico, turístico e natural que precisa ser preservado, e que deve favorecer as populações carentes, as populações tradicionais dos povoados do interior de Goiás, Mato-grosso, Minas Gerais, que por herança tem direitos sobre este patrimônio natural.
A medicina tradicional do Brasil é a fitoterapia, usada a centenas de anos pelos índios, antigos moradores desta terra, os índios do cerrado como Xavantes, Kraho, Bororo, Karajas, Kayapo, Gavião, Timbira e outros, e mais os quilombolas, descendentes dos negros dos quilombos, chamados Kalunga, (Pires, 1999 pág 166), são tradutores deste conhecimento, experimentadores destes compostos vegetais. Este conhecimento foi passado verbalmente aos novos moradores destas terras, colonizadores brancos, que não tinham recursos médicos e usavam recursos da natureza. Sempre ampliando informações e experiências e passando para os descendentes, unindo a necessidade, com a sabedoria de aprender com a natureza a curar as dores e sofrimentos humanos. Evoluímos até os dias de hoje e estamos no limiar de entender as leis da vida, onde aceitamos e entendemos que as plantas, tem por tarefa divina servir a todos os seres vivos, proporcionando a permanência e evolução de todos os seres animais. As árvores nos fornecem frutos, madeiras, sombra, ar puro, os cereais produzem alimentos, as flores trazem a beleza para a alma, as plantas medicinais produzem remédios e cumprem o designo imposto no Gênesis cap 1 ver.11,12 e 29, 30 “produza a terra relva, ervas que dêem semente e arvores frutíferas ...”, “eis que vos tenho dado todas as ervas que produzem semente bem como todas as arvores em que há fruto que dê semente, ser-vos-ão para mantimento”.
Autor: Wellington Lee Schetinger
Farmacêutico Acupunturista
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